segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Agricultor Altair Fianco recebe titulo de Cidadão Piauiense na Assembléia do Piauí






Atendendo requerimento do deputado Antônio Félix (PPS), a Assembléia Legislativa realizou hoje (29) sessão solene especial para conceder o título de cidadania piauiense ao agricultor Altair Domingos Fianco, natural de Pato Branco, no Paraná, mas morador de Uruçuí há 21 anos, onde atua como produtor de grãos e defensor das causas ambientais no Cerrado Piauí.
A sessão foi presidida pelo deputado Edson Ferreira (DEM) e contou com as presenças do prefeito de Uruçuí, Waldir Soares Costa (PT), do presidente da Câmara Municipal de Teresina, Renato Berger (PSDB), do vereador de Teresina e deputado estadual eleito Firmino Filho (PSDB), do tenente coronel Wagner Torres e do superintendente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Alisson Silva, dentre outras que fizeram parte da mesa. As galerias foram tomadas por familiares e amigos.

Primeiro a usar da palavra o deputado Antônio Félix que fez um breve histórico da trajetória do produtor Altair Fianco, que depois de passar pelo Mato Grosso aportou em Uruçuí em 1997, onde começou com suas atividades comerciais e agrícolas.

E prosseguiu o deputado Félix: "Em 1989, juntamente com quatro empresários paranaenses fundou o Condomínio União 2000, dando início a um empreendimento de sucesso. Os resultados da atividade agrícola começaram a surgir fortemente com as altas médias alcançadas nas sagas que se sucederam".

Segundo Antônio Félix, "Altair Fianco é ecologista por opção e reforça as práticas ambientais em todas as suas atividades e foi um dos pioneiros no sistema de plantio de soja direto na região dos Cerrados, sempre buscando novas tecnologias para melhorar a proteção do solo".
Em aparte o deputado Leal Júnior (DEM), que também é da região dos Cerrados, mas que encerra a carreira política neste ano, falou da "felicidade do deputado Antônio Félix em conceder o título de cidadania para o produtor Altair Fianco, um cidadão que é profundo conhecedor dos problemas e potenciais da região Sul do Piauí, o que o credencia e ser mais um cidadão piauiense, juntamente com sua esposa e seus familiares".

Depois de agradecer a honraria da Assembléia Legislativa do Piauí em lhe conceder o título de cidadania, Altair Franco disse que já mora com sua família há 21 anos no Piauí e ressaltou que "o cidadão não escolhe o Estado para nascer – já que seus pais foram quem fizeram isto – mas escolhe o Estado em que pretende viver, como eu fiz ao vir para o Piauí, depois de passar por Mato Grosso".

Altair Fianco afirmou que era ambientalista por convicção e não por conveniência e, como agricultor, tem procurado adotar técnicas que reduzam a agressão ao meio ambiente durante o plantio e também lutado por ações do governo e de seus colegas produtores dos cerrados. Ele aproveitou para denunciar o governo por ter abandonado o projeto de zoneamento agroecológico dos cerrados e disse que apenas a iniciativa privada, como a Bunge, vem fazendo alguma coisa prática em defesa do meio ambiente, como o "projeto do corredor ecológico" cobrindo Uruçuí e parte dos cerrados do Maranhão.

Ambientalista por convicção

sexta-feira, 26 de novembro de 2010





A Associação de produtores de soja do Piauí e ambientalistas estão revoltadas com a aprovação da reforma do Código Florestal na comissão da Câmara dos Deputados. Para os produtores de soja do Piauí o novo código vai trazer prejuízo para o Estado por que impede o crescimento da agricultura, uma vez que determina a moratíria de 5 anos contra o desmatamento.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja – Aprosoja, Altair Fianco, o novo código Florestal só trará benefícios para os estados que já tem grandes áreas destinadas aos produtores rurais, enquanto que para os estados como o Piauí que tem grande potencial fica estagnado sem poder aumentar as áreas de plantio durante cinco anos.

Ele informou que o Piauí tem 25 milhões de hectares e apenas 3 milhões são aproveitados para a agricultura, com plantio de apenas 400 mil hectares, o que significa apenas 6% dos cerrado piauiense. Em cinco anos quase 2 milhões podem deixar de ser cultivados.

Para Altair os agricultores do cerrado estão fazendo o dever de casa o que desmistifica a ideia dos ambientalistas de que os produtores estão desmatando todo o cerrado. “Eu seria irresponsável se eu afirmasse que para produzir alimentos não mexe com o meio ambiente. Mas para produzir alimento é necessário que se altere o meio ambiente, Para se plantar o arroz que chega a nossas mesas é preciso tirar uma árvore, por isso é que a questão ambiental é preciso ser discutida com mais seriedade”, disse.

Segundo ele, no Rio Grande do Sul os produtores estão batendo palmas para a proposta, “porque lá não há mais possibilidades de ampliação das áreas de plantação. Com a nova lei eles continuam com as áreas regularizadas com o beneficio da nova lei enquanto que os produtores piauienses ficam de mão atadas”, afirma.

Altair Fianco esteve em Teresina para chamar a atenção dos deputados estaduais sobre os prejuízos para os piauienses, mas disse estar convicto de que a maioria dos deputados não conhece a gravidade do problema para os agricultores piauienses. Da mesma forma que o produtor criticou os deputados, critica também os ambientalistas que só falam em desmatamento e a maioria sem conhecer a realidade do cerrado. Altair disse que muitos ambientalistas criticam porque são apoiados por ONGs, muitas delas financiadas por políticos.

Ambientalistas não querem novo código

Enquanto o presidente da Aprosoja critica a reforma do Código Florestal, porque impede o crescimento das áreas de plantação durante cinco anos, os ambientalistas acreditam que essa cláusula seria uma forma de regularizar o desmatamento.
Para o ambientalista Francisco Soares a aprovação da reforma do código florestal na Comissão Especial foi um desastre para a biodiver-sidade brasileira, um desmonte para a lei 4.771/65, que decepcionou todos os ambientalistas do país. A esperança dos ambientalistas é que o projeto não passe no plenário da Câmara dos Deputados e se passar que seja rejeitado no Senado.

Ainda de acordo com ambientalista a aprovação da reforma será um retrocesso para o país que é signatário de várias convenções inclusive a Eco 92, no sentido de proteger as suas florestas, com a sua biodiversidade e seus biomas.
Esta proposta de desmontar o código florestal brasileiro interessa ao grupo que trabalha no agro negócio e nas monocultoras, não interessa ao agricultor familiar. O agricultor familiar já foi contemplado pela lei que protege a agricultura familiar. “O que estão querendo o agro negócio é destruir a área de reserva legal que era contemplado em torno de 20 a 30% em todos os biomas e 80% na Amazônia”, disse o Ambientalista.

Para o ambientalista o que costa na reforma que durante 5 anos as áreas de desmatamento não vai crescer é conversa falsa. Por isso é que nós temos a esperança que a sociedade brasileira faça barreira através do seu parlamentar para que vote contra a reforma.

Fonte: Diário do Povo

Deputado propõe título de cidadão piauiense à empreendedor do Sul
O deputado estadual Antonio Félix (PPS) apresentou nesta segunda-feira, 17, na Assembléia Legislativa, projeto de decreto concedendo o título de cidadão piauiense ao agricultor Altair Domingos Fianco, atual vice-presidente do Sindicato Rural de Uruçui.

Natural de Pato Branco, estado do Paraná, desde 1980 dedica-se as atividades agrícolas.

Altair Fianco sempre foi um agricultor ativo em todos os sentidos tais como: pesquisa, sindicalismo e agricultura tecnificada.

Em 1999 juntamente com 4 empresários paranaenses, fundo o Condomínio União 2000, dando início a um empreendimento de sucesso. Os resultados da atividade agrícola começaram a surgir fortemente com as altas médias alcançadas nas safras que se sucederam.

Ecologista por opção, Altair Fianco reforça as práticas ambientais em todas as suas atividades. Foi um dos pioneiros no sistema de plantio direto na região dos Cerrados, sempre buscando novas tecnologias para melhorar a proteção do solo, faz trabalhos de conscientização das comunidades vizinhas da sua propriedade, sempre mostrando a importância em preservar a fauna e flora, além de combater a caça ilegal.

Como fruto desse trabalho, foi recompensado com o recebimento de um prêmio de amplitude nacional no quesito “Destaque Bunge Agricultor Brasileiro – Meio Ambiente”, sendo que esse prêmio foi avaliado dentre todos os agricultores do Brasil.

Por isso, Altair Domingos Fianco foi lembrado pelo deputado Antonio Félix como merecedor da honraria por seu trabalho à frente no desenvolvido do cerrado piauiense.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Reportagem revista Dinheiro Rural




O horizonte dos novos desbravadores
Atraídos pelas terras ainda baratas, os produtores estão abrindo fronteiras agrícolas em regiões ainda remotas do País, levando o sonho de construir grandes fortunas rurais

Por Eduardo Savanachi, de Uruçuí (PI), e Ibiapaba Netto

A fazenda Condomínio União, localizada na cidade de Uruçuí, a 450 quilômetros da capital Teresina, no Piauí, é um desses lugares onde realmente é difícil de chegar. As estradas são esburacadas, o asfalto mais próximo está a mais de 100 quilômetros e, ainda por cima, todos os acessos foram construídos por um grupo de produtores que ali se instalou há dez anos. Para quem não conhece, pode até parecer que se trata de um fim de mundo qualquer, o típico lugar em que “Judas perdeu as botas”. Mas, se por um lado o trabalho é duro e a infraestrutura precária, por outro o lugar tem sido reconhecido como um novo eldorado da agricultura brasileira e tem atraído uma legião de produtores que para lá correm em busca de oportunidades. “Comprei meu primeiro hectare de terra por R$ 60”, relembra o produtor Altair Fianco, um dos proprietários da fazenda Condomínio União, que hoje chega aos dez mil hectares. Ele traça um plano ousado de crescimento, pensando até em dobrar de área num curto espaço de tempo. “Vou colher uma safra com uma rentabilidade de R$ 500 por hectare”, diz, orgulhoso, o produtor.

Se comparado a Mato Grosso, onde o lucro será de aproximadamente R$ 100 por hectare, as terras do Piauí chegam a parecer milagrosas. Fianco segue seu destino inspirado na história de desbravadores que num passado não tão distante fizeram história ao ingressar no chamado Brasil profundo e lá fizeram brotar a riqueza máxima da terra. Em Mato Grosso, maior celeiro de grãos do País, isso aconteceu entre as décadas de 1960 e 1970 e a história mais emblemática é a de André Maggi, pai do hoje governador Blairo Maggi, o rei da soja. André se tornou uma espécie de “lenda” no Centro-Oeste e as suas aventuras, dormindo em barracas de lona e mesmo na luta com índios “bravios”, até hoje ecoam nos corredores do que se tornou a maior trading brasileira, o Grupo Amaggi, com faturamento de quase R$ 2 bilhões ao ano. “É uma inspiração”, diz Fianco. E, assim como ele, centenas de produtores, em diferentes regiões do País, se entranham nas chamadas fronteiras agrícolas em busca de oportunidades que só estarão disponíveis para aqueles que possuem espírito empreendedor e coragem para arriscar. Mas isso não é o que pode se chamar de uma missão fácil, como se verá nas histórias a seguir.

O custo para abertura de um hectare nessa região é calculado em R$ 1.370, de acordo com dados do Sindicato Rural de Uruçuí. A maior parte das estradas que ligam as fazendas às rodovias foi construída pelos próprios agricultores, como é o caso do produtor Amilton Bortolozzo, que, ao lado do sobrinho Caio, toca a fazenda. Filho de agricultores da região de Araraquara, no interior de São Paulo, e junto com o irmão Sérgio, ele foi um dos pioneiros na agricultura do Piauí. “Chegamos aqui há 25 anos e não havia absolutamente nada. Nossa sede era uma lona de plástico”, lembra Amilton. A família fundou a Central Agropecuária Nova Era (Canel) e produz em 35 mil hectares no município de Uruçuí, sendo 20 mil hectares de milho e soja e 15 mil hectares de eucaliptos. “Temos uma agricultura altamente competitiva, que não deve nada para regiões mais desenvolvidas como o Sul e o Centro-Oeste”, afirma. “Mas, para escoar minha produção, os caminhões percorrem cerca de 300 quilômetros por estrada de terra, que eu mesmo tive que construir”, pondera.

Ao mesmo tempo que é um problema, a logística também é o que reforça a esperança para fazer não apenas do Paiuí, mas de outras novas fronteiras agrícolas, como Maranhão, Tocantins e Bahia, polos desenvolvidos de produção. A chegada da ferrovia Transnordestina, cujos investimentos somam R$ 5 bilhões, é vista como um divisor de águas para essas novas regiões produtoras. “O primeiro trecho deverá ser entregue até o final de 2010 e representará um grande avanço para a nossa agricultura”, revela o governador do Piaui, Wellington Dias, à DINHEIRO RURAL

R$ 1.370 É quanto se gasta para abrir um hectare de terra numa fronteira agrícola


Mas não é só a questão logística que empaca o crescimento dessas regiões. Outro ponto delicado é o aspecto ambiental, já que é preciso desmatar áreas para abrir espaço para novas lavouras. “Todas as áreas que estão sendo abertas possuem licenças, averbações legais e respeitam as Áreas de Proteção Permanente (APP). Mas há pessoas que não percebem que existe uma lei e que ela está sendo cumprida. Nós temos direito de desenvolver a nossa produção”, pondera o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Piauí (Faepi), Carlos Augusto Cunha. Para ele, a chegada de produtores experientes é um ganho para a região. “Esses agricultores que estão aqui já possuem experiências em outras terras e, como aprenderam com os erros, são profissionais. As novas áreas do Nordeste estão sendo abertas da forma que deveria ter sido feita no Centro- Oeste”, provoca.

A questão ambiental também afeta novas fronteiras como no Estado de Roraima, um dos grandes produtores nacionais de arroz e onde a produção de grãos também vem crescendo a passos largos. “Hoje temos uma das maiores produtividades do País. São 60 sacas de soja por hectare”, comemora o produtor Genor Fachi, que há 30 anos deixou as terras da família no Rio Grande do Sul e partiu em busca de novas áreas. Dono de 1,8 mil hectares, ele produz arroz e soja. “O que emperra o nosso crescimento é a falta de segurança na legalidade das terras. Isso afugenta os investimentos.” O recente caso dos arrozeiros que viram suas áreas na Serra Raposa do Sol ser transformadas em reserva indígena ilustra bem os problemas daquela região. “Roraima possui cerca de 22 milhões de hectares disponíveis para o plantio. Mas em apenas um milhão de hectares há títulos de propriedades”, conta.

Mesmo com esses entraves, a produção de grãos cresce a cada ano no Estado. A explicação está na alta produtividade, no bom preço recebido pela soja, cerca de R$ 42 a saca, e no baixo custo de produção, de pouco mais de R$ 1 mil por hectare. Aspectos como esses levaram o governo estadual a implantar um projeto que pretende incentivar a vinda de produtores de outros Estados, principalmente do Rio Grande do Sul, para assim elevar a produção de Roraima. “Nossa expectativa é de que em três anos aumentemos em 17 mil hectares nossa área de grãos, um crescimento de 30%”, conta o secretário de Agricultura de Roraima, Eugênio Thomé.

Medidas como essa não são inéditas. Nas décadas de 1960 e 1970, os produtores que recebiam seus títulos de posse em Mato Grosso e, anos antes, no oeste de Santa Catarina, tinham metas de desmatamento a cumprir. Quem não estivesse em dia com as obrigações poderia até perder a posse da terra.
Hoje, todas essas novas regiões agrícolas têm de começar da forma correta, caso contrário terão de se ajustar posteriormente, conforme explica Sérgio Pit, presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Pit é cotonicultor em Luis Eduardo Magalhães, região ainda conhecida como uma promissora fronteira agrícola e que tem atraído grandes investidores de todo o mudo. “Havia muita desinformação e fizemos um pacto ambiental que engloba toda a região”, explica. Perto dali, em Riachão das Neves (BA), Ademar Marçal é outro produtor que trocou a tranquilidade de Mato Grosso do Sul pelo Cerrado ainda na década de 1990. “No primeiro voo de avião que fiz aqui na região, fiquei impressionado com esta imensa chapada”, relembra.

R$ 5 bilhões São os investimentos na transnordestina, que funcionará em 2010

“Vendi tudo o que eu tinha, construímos uma casa pequena e mudamos para cá”, lembra emocionado. Hoje, Marçal é um dos maiores cotonicultores do Brasil e a sua fazenda, São Francisco, é um conhecido modelo de qualidade, exportando para os mais diversos países do mundo. Walter Horita também chegou há muitos anos em São Desidério (BA), após sair do Paraná em busca de novas oportunidades. Até corrida de um lobo-guará levou, certa vez. “As fronteiras agrícolas são importantes porque dão oportunidade de crescimento e aos poucos a consolidação dessas novas regiões vão acontecendo. Mas é preciso cobrar o governo para levar infraestrutura, porque senão nada acontece”, afirma. Horita, Marçal e Pit são exemplos de pessoas que apostaram em novas fronteiras e conseguiram sucesso em suas empreitadas.

De volta ao Piauí, Fianco, o agricultor que sonha em ser grande, faz as suas previsões. “Daqui a dez ou 15 anos, isso aqui será uma potência maior do que o oeste da Bahia é hoje.” Há dez anos, a área plantada no Estado era de pouco mais de 700 mil hectares e sua produção anual de grãos não ultrapassava as 500 mil toneladas. Hoje o agronegócio é parte fundamental da economia piauense, com faturamento de R$ 4,5 bilhões, 30% do PIB estadual. Com uma produção que cresce a uma taxa média de 14% ao ano, na safra 2009/2010 sua área deve chegar a um milhão de hectares. Isso é o que faz do Estado uma das principais regiões produtoras do Nordeste, ao lado de Bahia e Maranhão. “Nessas terras está o futuro da agricultura brasileira. Ainda temos mais de três milhões de hectares disponíveis para a produção”, exalta o produtor, que sonha em ser o André Maggi de amanhã.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Cerrado tem R$ 100 milhões para cultivo da soja

A safra agrícola 2004/2005 das regiões de cerrado do Piauí e Maranhão vai receber injeção de recursos do Banco do Nordeste (BNB) no valor de R$ 100 milhões, o que corresponde a um volume de 72% a mais do que o aplicado na safra passada, que foi de R$ 58 milhões.

De acordo com o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado (Sectec), Jônathas Nunes, que citou trabalho da Gazeta Mercantil, os estados do Piauí e Maranhão têm a soja como forte cultura da produção, seguida pelas culturas de algodão milho e arroz, lembrando que os investimentos na safra agrícola são sempre aplicados no segundo semestre.

As instituições financeiras, como o BNB, são otimistas e entendem que a produção de soja nos cerrados tem obtido resultados crescentes nos últimos anos, o que leva os produtores a expandir suas áreas de cultivo.

Especialistas nacionais acreditam no crescimento da produção nos cerrados e na elevação da aplicação de recursos, fato amparado pela expansão de novas áreas para a cultura da soja, especialmente no Piauí, e por considerar como necessários investimentos em custeio.

O BNB acredita no aporte de novos clientes e na ampliação da área plantada dos antigos clientes, onde as operações de crédito oscilam de R$ 300 mil a R$ 15 milhões, listando que a maioria dos empréstimos giram em torno de R$ 300 mil e R$ 3 milhões.

Cadeia produtiva da soja


Café Tecnológico

Esse trabalho foi amplamente discutido em Teresina na reunião de quarta-feira, dia 7, promovida pelo Governo do Piauí, através da Sectec, na Manhã Tecnológica sobre a Cadeia Produtiva da Soja, realizada no auditório da Fundação de Amparo à Ciência e à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi), que reuniu palestrantes e debatedores, que destacaram a soja uma das principais commodities mundiais e que seu preço é determinado pela negociação do grão nas principais bolsas de mercadorias do mundo globalizado.

O secretário disse, ao lembrar que já foram realizadas 14 reuniões da Manhã Tecnológica da Sectec, que a soja, por ser um grão de várias utilidades, tem uma demanda mundial de consumo superior a 180 milhões de toneladas.

Jônathas Nunes disse que o Piauí, por ser a última fronteira agrícola brasileira, destaca-se na produção de soja na região do cerrado. Ao citar declaração do superintendente do BNB do Piauí e Maranhão, Isaías de Matos Dantas, de que dos R$ 100 milhões de recursos destinados à safra agrícola de 2004/2005, cerca de R$ 55 milhões serão direcionados ao custeio, o secretário não descarta que o total desse investimento possa ser ultrapassado.

O engenheiro José Joviniano Lopes, coordenador de Arranjos Produtivos e da Manhã Tecnológica, da Sectec, disse que o crescimento da produção e o aumento da capacidade competitiva da soja brasileira sempre estiveram associados aos avanços científicos e à disponibilização de tecnologias ao setor produtivo.

Avanços tecnológicos


José Joviniano Lopes

Ao iniciar os trabalhos da Manhã Tecnológica, José Joviniano Lopes fez exposição do objetivo geral da reunião, destacando a situação atual, os avanços tecnológicos e a visão empresarial entre atores da cadeia produtiva da soja e sobre objetivos específicos, a promoção ampla de discussão entre atores da cadeia produtiva do produto e sobre as potencialidades a explorar e os desafios a solucionar.

Jônathas Nunes ressaltou outros objetivos específicos para a formação da Câmara Técnica que responderá junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia como fórum de planejamento e execução das ações direcionadas a essa importante fronteira agrícola no Piauí, além de viabilizar projetos juntos às instituições de fomento que visem apoio à cadeia produtiva.

Durante a Manhã Tecnológica, foram discutidas as ações dos atores da cadeia produtiva da soja, entre os quais fornecedores, produtores/empresários, beneficiadores/esmagadores, atacadistas/comerciantes, consumidores, técnicos de assistência, pesquisa e fomento.

A pauta da Manhã Tecnológica teve como característica a análise temática, destacando-se os palestrantes Gilson Campelo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Meio Norte (Embrapa/Meio-Norte), que abordou o tema Histórico da Cultura da Soja na Região Meio-Norte; Ricardo Montalvan, técnico da Embrapa/Meio Norte, que tratou do tema Desenvolvimento Tecnológico da Soja na Região Meio-Norte; e Sérgio Bertolozzo, presidente do Sindicato Rural de Uruçuí, que falou sobre Produção Sustentável da Soja - Visão Empresarial, seguidos de debate com o tema Desafios, Dificuldades, Potencialidades.

Câmara técnica


Campo de produção

No final do debate, foi definida a Câmara Técnica da Cadeia Produtiva da Soja, que ficou constituída pelo coordenador Gilson Campelo (Embrapa/Meio-Norte) e pelos representantes José Joviniano Lopes (Sectec), Ricardo Montalvan (Embrapa/Meio-Norte), Sérgio Bertollozzo (Sindicato Rural de Uruçuí), Raimundo José Rocha (Universidade Federal do Piauí), Altair Fianco (representante dos produtores), João Batista Barros (BNB), Pedro Carvalho Borges (Companhia Nacional de Abastecimento - Conab), Rosário Maria Marques Vieira (Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo), João Batista Cavalcante Costa (Prefeito Municipal de Antônio Almeida), Milton Paula Costa (Emater), Robert Freire (Sebrae-PI), Flávio de Oliveira Cipriano e Pedro Arruda (IBGE).

O coordenador de Arranjos Produtivos, Joviniano Lopes, disse que compõem ainda a Câmara Técnica da Cadeia Produtiva da Soja, da Sectec, junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia, um representante de cada município que integra a região produtiva da soja no Piauí.

O secretário Jônathas Nunes informou que os contatos do Ministério da Ciência e Tecnologia passarão a ser feitos com a Câmara Técnica da Cadeia Produtiva da Soja, no Piauí, sobre informações e viabilidade de projetos destinados ao desenvolvimento do produto na região do cerrado piauiense.

O presidente do Sindicato Rural de Uruçuí, Sérgio Bertolozzo, disse que a cultura da soja no Piauí se encontra em processo de evolução e que o Estado já se contextualizou na produção e avança na industrialização. Para ele, o progresso no setor é crescente e inevitável.

"Nós estamos passando por muitas dificuldades com relação à infra-estrutura, às necessidades básicas na região, mas considero que é um caminho sem volta, um saldo positivo mais por empenho e determinação dos produtores e dos investidores, pelo apoio que temos recebido das instituições financeiras, do Estado e do Governo Federal. Nesse sentido, nós estamos fazendo a nossa história de forma bem difícil", disse o presidente do Sindicato Rural de Uruçuí.

Ele acrescentou que entende as dificuldades do Estado uma vez que não possui capacidade de investimento e que, em razão dessa realidade, os produtores estão procurando trabalhar de forma independente, embora já esteja sendo viabilizada infra-estrutura para escoamento da produção.

Governo investe na Transcerrados

O Governo do Piauí, através do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PI), está executando o serviço para complementação da Transcerrados, rodovia considerada importante para escoamento da produção de soja. A diretora geral do DER/PI, Karenina Eulálio, disse que os trabalhos que viabilizarão a conclusão da rodovia transcerrados, no Sul do Estado, são referentes à compactação da estrada.

Ela considera uma iniciativa importante do Governo do Piauí para o desenvolvimento da região, permitindo dessa forma condições para atrair o interesse de empresários que têm manifestado a intenção de investir em projetos agropecuários no Piauí.

Estão sendo compactados 320 quilômetros da rodovia Transcerrados, que corta toda a região dos cerrados piauienses, beneficiando os projetos e as comunidades dos municípios de Uruçuí, no qual se encontra instalada a empresa Bünge, de beneficiamento da soja e produção de alimentos (margarina e óleo), e dos municípios de Ribeiro Gonçalves, Sebastião Leal, Monte Alegre, Antônio Almeida e Simões.

Com o reinício das obras da rodovia Transcerrados, o governador Wellington Dias está cumprindo a sua meta de governo com a implantação de infra-estrutura necessária à promoção contínua do desenvolvimento do Estado, em especial na região dos cerrados piauienses, que necessita de mais estradas e energia.

Considerada a espinha dorsal dos cerrados piauienses, a Rodovia Transcerrados, com revestimento primário, vai do entroncamento da Rodovia PI-254, no município de Monte Alegre, ao entroncamento da PI-324, no município de Sebastião Leal.

Perspectivas de produção de soja no Brasil


Produção no Piauí

Dados fornecidos pela Sectec destaca que "é importante lembrar que quando se fala em produção de soja no Brasil não se pode negligenciar a produção de soja no mundo, pois como a maior parte dos produtos originários da soja são exportados, a produção e comercialização mundial têm influência marcante na decisão interna de semear essa oleaginosa.

Dessa forma, o fenômeno da globalização é extremamente importante nesse contexto. Quando se menciona a palavra globalização, imediatamente se pensa num fato novo, recente, que está acontecendo no presente ou que se iniciou há pouco tempo.

Na verdade, a globalização, como fenômeno de integração e competição entre países, bloco de países ou mesmo continentes, é tão antiga quanto a própria existência do homem na face da terra. Acontece que, com o avanço dos meios de comunicação e a informática, o processo é hoje totalmente evidente e avança a uma velocidade incrível. No que diz respeito ao capital financeiro, o processo de globalização já atingiu uma fase em que aplicadores podem investir, de dentro de suas casas ou seus escritórios, em qualquer empresa do mundo em questão de segundos.

Se este processo é tão rápido, no que diz respeito ao capital financeiro, não se pode dizer o mesmo em relação à produção agrícola, por suas características peculiares de oferta. Além disso, enquanto as aplicações financeiras são extremamente voláteis, os aspectos relativos à produção agrícola não têm a mesma velocidade, pelo menos a curto prazo.

Nesse contexto, portanto, como o processo de globalização atinge a agricultura nos diferentes países? Qual a relação entre um produtor de soja do municipio de Campo Mourão (PR) com um produtor de soja de Illinois, EUA ou da China? A resposta a essas questões é complexa, porém, pode ser resumida em uma única palavra: competitividade. Com a globalização surge uma ameaça que deve ser transformada em oportunidade: é a Terceira Guerra Mundial. Nesta guerra não existem armas, nem convencionais nem atômicas. A arma empregada, que será mortal ao competidor, denomina-se competitividade, através de alta produtividade e do baixo custo unitário.

Assim, cada vez mais, a produção agrícola necessitará de um insumo, sem o qual a permanência no setor produtivo estará fadada ao fracasso. Esse insumo, sob o ponto de vista mais global, chama-se informação e sob o ponto de vista mais específico, dentro do setor produtivo, tecnologia.

Dessa forma, no sentido mais global de tecnologia, o produtor deve procurar empregar as técnicas mais aprimoradas referentes ao seu tipo de atividade, e, no sentido mais global de informação, deve procurar conhecer as perspectivas da demanda do produto.

Oferta

Os dados da discussão da oferta foram coletados até 1997. Quando se fala em oferta de soja faz-se necessário discutir a oferta de outras oleaginosas e a oferta total de grãos, pois, no caso das oleaginosas, muitas delas são competidoras da soja, e no caso dos grãos, na maioria, complementares. Portanto existe uma relação estreita na produção total de grãos e oleaginosas com a oferta de soja no mundo.

A produção total de grãos e oleaginosas, em 1997, estimada em 2,10 bilhões de toneladas (1,85 bilhão de toneladas de grãos e 0,260 bilhão de toneladas de oleaginosas), deverá ser de 4,20 bilhões de toneladas em 2027. A produção de grãos em 1966 era de 988 milhões de toneladas, 1,8 vezes menor. Dessa forma, é plausível imaginar que daqui a 30 anos a produção possa dobrar ou até mais do que dobrar, uma vez que os aprimoramentos tecnológicos são e serão cada vez mais sofisticados.

Acontece que a área disponível no mundo para aumento de produção gira em torno de 10%. Quando se observa o aumento da produção de grãos nos últimos 30 anos, que foi de 87%, nota-se que o aumento de área foi responsável por 6% desse acréscimo (655 milhões de ha em 1966 para 695 milhões de ha em 1996) e a produtividade foi responsável por 81% (1,46 t/ha em 1966 para 2,65 t/ha em 1996).

A produção mundial de oleaginosas em 1966 foi de 45 milhões de toneladas, numa área de 35 milhões de ha, com um rendimento de apenas 1,29 t/ha. Em 1996, a produção mundial foi de 260 milhões de toneladas, numa área de 175,6 milhões de ha, com um rendimento de 1,47 t/ha. Como pode ser visto, ao contrário dos grãos não oleaginosos, a área de oleaginosas foi responsável por 400% do aumento da produção e o rendimento por apenas 14%, dos 414% de aumento da produção nos últimos 30 anos. Mesmo assim, esse aumento de produtividade foi liderado pela soja, que apresentou uma taxa de 55% no período total. Dessa forma, não resta muita área para o aumento da produção, nem de grãos não oleaginosos, tampouco de oleaginosas.

Esse fato mostra claramente que o abastecimento mundial de alimentos depende exclusivamente da manutenção das instituições de pesquisa agrícola a nível mundial e da transferência das tecnologias para o produtor rural.

Nesse contexto, com respeito ao aumento de área, as regiões que mais podem incorporar fronteiras são a África e a América Latina, principalmente o Brasil. Em termos de ganho de produtividade não é diferente, pois ainda se tem muito a percorrer na África, Ásia e América Latina.

Particularmente, em relação a soja e milho, as maiores chances de aumento de produção estão no Brasil, tanto em relação à área quanto à produtividade.

Demanda

De acordo com dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), o crescimento econômico dos países do terceiro mundo, principalmente da Ásia, nos próximos anos deverá ser da ordem de 6% a 7% ao ano, em média. O crescimento econômico de um continente onde vivem em torno de 55% dos habitantes do planeta, associado a uma elasticidade-renda da demanda de alimentos bastante elástica, possui uma influência decisiva no que se refere à demanda mundial de alimentos. O crescimento econômico dos países ricos, da União Européia, Estados Unidos, e Canadá não tem influência significativa na demanda de alimentos, mesmo porque o aumento da renda per capita nesses países e/ou bloco de países não irá pressionar esse tipo de demanda, pois seus habitantes já consomem calorias suficientes para sua manutenção (baixa elasticidade-renda da demanda de alimentos).

Os 23 países mais ricos do mundo (renda per capita acima de US$ 13.000,00) possuem uma população total de 813,6 milhões de habitantes e a soma do seu PIB (Produto Interno Bruto) é da ordem de 21 trilhões de dólares. Isso representa 62,5% de toda a riqueza do mundo nas mãos de apenas 14,5% da população mundial.

Dessa forma, o aumento da renda per capita nos países mais pobres indicam pressão de demanda de alimentos, principalmente países altamente populosos. Para se ter uma idéia dessa potencialidade basta calcular a necessidade de carne na China se cada habitante incorporar em sua dieta 1kg de carne por ano. Será necessário um adicional de 1,2 milhões de toneladas de carne para atender essa demanda. Essa demanda de carne, considerando a conversão alimentar média de 2,8:1 e as perdas da carcaça, resulta numa demanda de ração animal de 4,2 milhões de t. Como a composição média da ração é de 20% de farelo de soja e 70% de milho seriam necessárias 840.000 toneladas de farelo de soja e 2,94 milhões de toneladas de farelo de milho.

Essa análise mostra que a demanda de alimentos para os próximos anos deverá se manter firme. Os estados que mais produzem atualmente são o Paraná, o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul. A tendência de produção de soja no Brasil é de se concentrar no Centro-Oeste, com produções significativas no Nordeste e Norte. A produção da Região Sul tende a manter ou mesmo diminuir a área, embora a produção total dessa região possa aumentar com o aumento do rendimento. Na data da elaboração deste documento, a estimativa feita pela CONAB para a produção no Rio Grande do Sul, para a safra de 1997/98 parece estar superestimada, uma vez que as condições climáticas nas últimas semanas (out/nov/97) têm sido adversas (excesso de chuvas). As Tabelas 6 e 7 mostram a produção por estado e a variação entre as safras 95/96, 96/97 e estimativa para 97/98 e a Fig. 4 mostra o percentual de participação na produção brasileira de cada região".