segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Cerrado tem R$ 100 milhões para cultivo da soja

A safra agrícola 2004/2005 das regiões de cerrado do Piauí e Maranhão vai receber injeção de recursos do Banco do Nordeste (BNB) no valor de R$ 100 milhões, o que corresponde a um volume de 72% a mais do que o aplicado na safra passada, que foi de R$ 58 milhões.

De acordo com o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado (Sectec), Jônathas Nunes, que citou trabalho da Gazeta Mercantil, os estados do Piauí e Maranhão têm a soja como forte cultura da produção, seguida pelas culturas de algodão milho e arroz, lembrando que os investimentos na safra agrícola são sempre aplicados no segundo semestre.

As instituições financeiras, como o BNB, são otimistas e entendem que a produção de soja nos cerrados tem obtido resultados crescentes nos últimos anos, o que leva os produtores a expandir suas áreas de cultivo.

Especialistas nacionais acreditam no crescimento da produção nos cerrados e na elevação da aplicação de recursos, fato amparado pela expansão de novas áreas para a cultura da soja, especialmente no Piauí, e por considerar como necessários investimentos em custeio.

O BNB acredita no aporte de novos clientes e na ampliação da área plantada dos antigos clientes, onde as operações de crédito oscilam de R$ 300 mil a R$ 15 milhões, listando que a maioria dos empréstimos giram em torno de R$ 300 mil e R$ 3 milhões.

Cadeia produtiva da soja


Café Tecnológico

Esse trabalho foi amplamente discutido em Teresina na reunião de quarta-feira, dia 7, promovida pelo Governo do Piauí, através da Sectec, na Manhã Tecnológica sobre a Cadeia Produtiva da Soja, realizada no auditório da Fundação de Amparo à Ciência e à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi), que reuniu palestrantes e debatedores, que destacaram a soja uma das principais commodities mundiais e que seu preço é determinado pela negociação do grão nas principais bolsas de mercadorias do mundo globalizado.

O secretário disse, ao lembrar que já foram realizadas 14 reuniões da Manhã Tecnológica da Sectec, que a soja, por ser um grão de várias utilidades, tem uma demanda mundial de consumo superior a 180 milhões de toneladas.

Jônathas Nunes disse que o Piauí, por ser a última fronteira agrícola brasileira, destaca-se na produção de soja na região do cerrado. Ao citar declaração do superintendente do BNB do Piauí e Maranhão, Isaías de Matos Dantas, de que dos R$ 100 milhões de recursos destinados à safra agrícola de 2004/2005, cerca de R$ 55 milhões serão direcionados ao custeio, o secretário não descarta que o total desse investimento possa ser ultrapassado.

O engenheiro José Joviniano Lopes, coordenador de Arranjos Produtivos e da Manhã Tecnológica, da Sectec, disse que o crescimento da produção e o aumento da capacidade competitiva da soja brasileira sempre estiveram associados aos avanços científicos e à disponibilização de tecnologias ao setor produtivo.

Avanços tecnológicos


José Joviniano Lopes

Ao iniciar os trabalhos da Manhã Tecnológica, José Joviniano Lopes fez exposição do objetivo geral da reunião, destacando a situação atual, os avanços tecnológicos e a visão empresarial entre atores da cadeia produtiva da soja e sobre objetivos específicos, a promoção ampla de discussão entre atores da cadeia produtiva do produto e sobre as potencialidades a explorar e os desafios a solucionar.

Jônathas Nunes ressaltou outros objetivos específicos para a formação da Câmara Técnica que responderá junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia como fórum de planejamento e execução das ações direcionadas a essa importante fronteira agrícola no Piauí, além de viabilizar projetos juntos às instituições de fomento que visem apoio à cadeia produtiva.

Durante a Manhã Tecnológica, foram discutidas as ações dos atores da cadeia produtiva da soja, entre os quais fornecedores, produtores/empresários, beneficiadores/esmagadores, atacadistas/comerciantes, consumidores, técnicos de assistência, pesquisa e fomento.

A pauta da Manhã Tecnológica teve como característica a análise temática, destacando-se os palestrantes Gilson Campelo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Meio Norte (Embrapa/Meio-Norte), que abordou o tema Histórico da Cultura da Soja na Região Meio-Norte; Ricardo Montalvan, técnico da Embrapa/Meio Norte, que tratou do tema Desenvolvimento Tecnológico da Soja na Região Meio-Norte; e Sérgio Bertolozzo, presidente do Sindicato Rural de Uruçuí, que falou sobre Produção Sustentável da Soja - Visão Empresarial, seguidos de debate com o tema Desafios, Dificuldades, Potencialidades.

Câmara técnica


Campo de produção

No final do debate, foi definida a Câmara Técnica da Cadeia Produtiva da Soja, que ficou constituída pelo coordenador Gilson Campelo (Embrapa/Meio-Norte) e pelos representantes José Joviniano Lopes (Sectec), Ricardo Montalvan (Embrapa/Meio-Norte), Sérgio Bertollozzo (Sindicato Rural de Uruçuí), Raimundo José Rocha (Universidade Federal do Piauí), Altair Fianco (representante dos produtores), João Batista Barros (BNB), Pedro Carvalho Borges (Companhia Nacional de Abastecimento - Conab), Rosário Maria Marques Vieira (Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo), João Batista Cavalcante Costa (Prefeito Municipal de Antônio Almeida), Milton Paula Costa (Emater), Robert Freire (Sebrae-PI), Flávio de Oliveira Cipriano e Pedro Arruda (IBGE).

O coordenador de Arranjos Produtivos, Joviniano Lopes, disse que compõem ainda a Câmara Técnica da Cadeia Produtiva da Soja, da Sectec, junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia, um representante de cada município que integra a região produtiva da soja no Piauí.

O secretário Jônathas Nunes informou que os contatos do Ministério da Ciência e Tecnologia passarão a ser feitos com a Câmara Técnica da Cadeia Produtiva da Soja, no Piauí, sobre informações e viabilidade de projetos destinados ao desenvolvimento do produto na região do cerrado piauiense.

O presidente do Sindicato Rural de Uruçuí, Sérgio Bertolozzo, disse que a cultura da soja no Piauí se encontra em processo de evolução e que o Estado já se contextualizou na produção e avança na industrialização. Para ele, o progresso no setor é crescente e inevitável.

"Nós estamos passando por muitas dificuldades com relação à infra-estrutura, às necessidades básicas na região, mas considero que é um caminho sem volta, um saldo positivo mais por empenho e determinação dos produtores e dos investidores, pelo apoio que temos recebido das instituições financeiras, do Estado e do Governo Federal. Nesse sentido, nós estamos fazendo a nossa história de forma bem difícil", disse o presidente do Sindicato Rural de Uruçuí.

Ele acrescentou que entende as dificuldades do Estado uma vez que não possui capacidade de investimento e que, em razão dessa realidade, os produtores estão procurando trabalhar de forma independente, embora já esteja sendo viabilizada infra-estrutura para escoamento da produção.

Governo investe na Transcerrados

O Governo do Piauí, através do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PI), está executando o serviço para complementação da Transcerrados, rodovia considerada importante para escoamento da produção de soja. A diretora geral do DER/PI, Karenina Eulálio, disse que os trabalhos que viabilizarão a conclusão da rodovia transcerrados, no Sul do Estado, são referentes à compactação da estrada.

Ela considera uma iniciativa importante do Governo do Piauí para o desenvolvimento da região, permitindo dessa forma condições para atrair o interesse de empresários que têm manifestado a intenção de investir em projetos agropecuários no Piauí.

Estão sendo compactados 320 quilômetros da rodovia Transcerrados, que corta toda a região dos cerrados piauienses, beneficiando os projetos e as comunidades dos municípios de Uruçuí, no qual se encontra instalada a empresa Bünge, de beneficiamento da soja e produção de alimentos (margarina e óleo), e dos municípios de Ribeiro Gonçalves, Sebastião Leal, Monte Alegre, Antônio Almeida e Simões.

Com o reinício das obras da rodovia Transcerrados, o governador Wellington Dias está cumprindo a sua meta de governo com a implantação de infra-estrutura necessária à promoção contínua do desenvolvimento do Estado, em especial na região dos cerrados piauienses, que necessita de mais estradas e energia.

Considerada a espinha dorsal dos cerrados piauienses, a Rodovia Transcerrados, com revestimento primário, vai do entroncamento da Rodovia PI-254, no município de Monte Alegre, ao entroncamento da PI-324, no município de Sebastião Leal.

Perspectivas de produção de soja no Brasil


Produção no Piauí

Dados fornecidos pela Sectec destaca que "é importante lembrar que quando se fala em produção de soja no Brasil não se pode negligenciar a produção de soja no mundo, pois como a maior parte dos produtos originários da soja são exportados, a produção e comercialização mundial têm influência marcante na decisão interna de semear essa oleaginosa.

Dessa forma, o fenômeno da globalização é extremamente importante nesse contexto. Quando se menciona a palavra globalização, imediatamente se pensa num fato novo, recente, que está acontecendo no presente ou que se iniciou há pouco tempo.

Na verdade, a globalização, como fenômeno de integração e competição entre países, bloco de países ou mesmo continentes, é tão antiga quanto a própria existência do homem na face da terra. Acontece que, com o avanço dos meios de comunicação e a informática, o processo é hoje totalmente evidente e avança a uma velocidade incrível. No que diz respeito ao capital financeiro, o processo de globalização já atingiu uma fase em que aplicadores podem investir, de dentro de suas casas ou seus escritórios, em qualquer empresa do mundo em questão de segundos.

Se este processo é tão rápido, no que diz respeito ao capital financeiro, não se pode dizer o mesmo em relação à produção agrícola, por suas características peculiares de oferta. Além disso, enquanto as aplicações financeiras são extremamente voláteis, os aspectos relativos à produção agrícola não têm a mesma velocidade, pelo menos a curto prazo.

Nesse contexto, portanto, como o processo de globalização atinge a agricultura nos diferentes países? Qual a relação entre um produtor de soja do municipio de Campo Mourão (PR) com um produtor de soja de Illinois, EUA ou da China? A resposta a essas questões é complexa, porém, pode ser resumida em uma única palavra: competitividade. Com a globalização surge uma ameaça que deve ser transformada em oportunidade: é a Terceira Guerra Mundial. Nesta guerra não existem armas, nem convencionais nem atômicas. A arma empregada, que será mortal ao competidor, denomina-se competitividade, através de alta produtividade e do baixo custo unitário.

Assim, cada vez mais, a produção agrícola necessitará de um insumo, sem o qual a permanência no setor produtivo estará fadada ao fracasso. Esse insumo, sob o ponto de vista mais global, chama-se informação e sob o ponto de vista mais específico, dentro do setor produtivo, tecnologia.

Dessa forma, no sentido mais global de tecnologia, o produtor deve procurar empregar as técnicas mais aprimoradas referentes ao seu tipo de atividade, e, no sentido mais global de informação, deve procurar conhecer as perspectivas da demanda do produto.

Oferta

Os dados da discussão da oferta foram coletados até 1997. Quando se fala em oferta de soja faz-se necessário discutir a oferta de outras oleaginosas e a oferta total de grãos, pois, no caso das oleaginosas, muitas delas são competidoras da soja, e no caso dos grãos, na maioria, complementares. Portanto existe uma relação estreita na produção total de grãos e oleaginosas com a oferta de soja no mundo.

A produção total de grãos e oleaginosas, em 1997, estimada em 2,10 bilhões de toneladas (1,85 bilhão de toneladas de grãos e 0,260 bilhão de toneladas de oleaginosas), deverá ser de 4,20 bilhões de toneladas em 2027. A produção de grãos em 1966 era de 988 milhões de toneladas, 1,8 vezes menor. Dessa forma, é plausível imaginar que daqui a 30 anos a produção possa dobrar ou até mais do que dobrar, uma vez que os aprimoramentos tecnológicos são e serão cada vez mais sofisticados.

Acontece que a área disponível no mundo para aumento de produção gira em torno de 10%. Quando se observa o aumento da produção de grãos nos últimos 30 anos, que foi de 87%, nota-se que o aumento de área foi responsável por 6% desse acréscimo (655 milhões de ha em 1966 para 695 milhões de ha em 1996) e a produtividade foi responsável por 81% (1,46 t/ha em 1966 para 2,65 t/ha em 1996).

A produção mundial de oleaginosas em 1966 foi de 45 milhões de toneladas, numa área de 35 milhões de ha, com um rendimento de apenas 1,29 t/ha. Em 1996, a produção mundial foi de 260 milhões de toneladas, numa área de 175,6 milhões de ha, com um rendimento de 1,47 t/ha. Como pode ser visto, ao contrário dos grãos não oleaginosos, a área de oleaginosas foi responsável por 400% do aumento da produção e o rendimento por apenas 14%, dos 414% de aumento da produção nos últimos 30 anos. Mesmo assim, esse aumento de produtividade foi liderado pela soja, que apresentou uma taxa de 55% no período total. Dessa forma, não resta muita área para o aumento da produção, nem de grãos não oleaginosos, tampouco de oleaginosas.

Esse fato mostra claramente que o abastecimento mundial de alimentos depende exclusivamente da manutenção das instituições de pesquisa agrícola a nível mundial e da transferência das tecnologias para o produtor rural.

Nesse contexto, com respeito ao aumento de área, as regiões que mais podem incorporar fronteiras são a África e a América Latina, principalmente o Brasil. Em termos de ganho de produtividade não é diferente, pois ainda se tem muito a percorrer na África, Ásia e América Latina.

Particularmente, em relação a soja e milho, as maiores chances de aumento de produção estão no Brasil, tanto em relação à área quanto à produtividade.

Demanda

De acordo com dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), o crescimento econômico dos países do terceiro mundo, principalmente da Ásia, nos próximos anos deverá ser da ordem de 6% a 7% ao ano, em média. O crescimento econômico de um continente onde vivem em torno de 55% dos habitantes do planeta, associado a uma elasticidade-renda da demanda de alimentos bastante elástica, possui uma influência decisiva no que se refere à demanda mundial de alimentos. O crescimento econômico dos países ricos, da União Européia, Estados Unidos, e Canadá não tem influência significativa na demanda de alimentos, mesmo porque o aumento da renda per capita nesses países e/ou bloco de países não irá pressionar esse tipo de demanda, pois seus habitantes já consomem calorias suficientes para sua manutenção (baixa elasticidade-renda da demanda de alimentos).

Os 23 países mais ricos do mundo (renda per capita acima de US$ 13.000,00) possuem uma população total de 813,6 milhões de habitantes e a soma do seu PIB (Produto Interno Bruto) é da ordem de 21 trilhões de dólares. Isso representa 62,5% de toda a riqueza do mundo nas mãos de apenas 14,5% da população mundial.

Dessa forma, o aumento da renda per capita nos países mais pobres indicam pressão de demanda de alimentos, principalmente países altamente populosos. Para se ter uma idéia dessa potencialidade basta calcular a necessidade de carne na China se cada habitante incorporar em sua dieta 1kg de carne por ano. Será necessário um adicional de 1,2 milhões de toneladas de carne para atender essa demanda. Essa demanda de carne, considerando a conversão alimentar média de 2,8:1 e as perdas da carcaça, resulta numa demanda de ração animal de 4,2 milhões de t. Como a composição média da ração é de 20% de farelo de soja e 70% de milho seriam necessárias 840.000 toneladas de farelo de soja e 2,94 milhões de toneladas de farelo de milho.

Essa análise mostra que a demanda de alimentos para os próximos anos deverá se manter firme. Os estados que mais produzem atualmente são o Paraná, o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul. A tendência de produção de soja no Brasil é de se concentrar no Centro-Oeste, com produções significativas no Nordeste e Norte. A produção da Região Sul tende a manter ou mesmo diminuir a área, embora a produção total dessa região possa aumentar com o aumento do rendimento. Na data da elaboração deste documento, a estimativa feita pela CONAB para a produção no Rio Grande do Sul, para a safra de 1997/98 parece estar superestimada, uma vez que as condições climáticas nas últimas semanas (out/nov/97) têm sido adversas (excesso de chuvas). As Tabelas 6 e 7 mostram a produção por estado e a variação entre as safras 95/96, 96/97 e estimativa para 97/98 e a Fig. 4 mostra o percentual de participação na produção brasileira de cada região".

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