segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Frente Ampla Produtor do cerrado denuncia preconceito

O vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Uruçuí, Altair Fianco, teve e está pondo em prática uma boa ideia. Ele e seus vizinhos resolveram unir as áreas de reserva legal permanente, que no Piauí é de 30% das propriedades. Assim, em vez de "ilhas" de matas nativas vai-se ter um espaço contínuo em que será mais fácil manter a vida selvagem.
Apesar dos seus esforços para práticas agrícolas ambientalmente menos impactantes, Fianco reclama que os produtores rurais do cerrado do Piauí são vítimas do que classifica como preconceito. "A imprensa em Teresina não conhece a nossa realidade e tem reproduzido informações com uma visão parcial das coisas. Isso é muito ruim", disse.
A queixa de Fianco é a de que há maniqueísmo. Os ecologistas que denunciam a exploração do cerrado representam o bem. Os produtores são a imagem de satanás destruidor da fauna e da flora.
Fianco diz que hoje a imensa maioria dos produtores faz plantio direto, que evita erosão, preserva nascentes e matas ciliares, recolhe embalagens vazias de agrotóxicos e não admite a caça em suas áreas de preservação permanente.
Mas a mata vem sendo derrubada e há produção de carvão com a lenha resultante da abertura de áreas para cultivo. ""Não se faz omeletes sem quebrar ovos", defende-se Fianco, para classificar como demagógico o discurso ambientalista sobre a retirada da vegetação para cultivo do solo com arroz, depois soja, milho, girassol e agora algodão.
Ele calcula em 270 mil hectares a área plantada ou aberta para cultivo no cerrado. Haveria 11 milhões de hectares cobertos pelo bioma, mas pouco menos de 2 milhões agricultáveis. Mesmo assim, diz o produtor, está-se ocupando menos que 15% dessa área. O resto seguirá preservado, porque boa parte é terreno acidentado, zonas de nascentes, matas ciliares e regiões de vales explorados por agricultura tradicional.
Altair Fianco, que fincou as suas raízes 20 anos atrás no solo do Piauí, diz que, antes das críticas e da visão maniqueísta sobre a atuação dele e dos demais produtores, o que eles querem é um tratamento respeitoso, que consiste, principalmente, em serem ouvidos sempre que se fizerem denúncias. É um pedido bastante justo.

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