segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mais de 300 mil hectares que tinham vegetação ou eram subutilizados recebem sementes pela primeira vez


A leva de produtores de grãos que chegou no Centro-Norte do Brasil no início da década está ampliando suas lavouras em até 10% neste ano, apurou a Expedição Safra RPC. Eles aumentam a escala de produção como forma de ganhar renda. E são seguidos como exemplo. Atraídos por terras que custam um terço dos preços praticados em estados do Sul e Sudeste, mais agricultores chegam à região de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, conhecida como MaToPiBa. Conforme dados colhidos em cooperativas, consultorias e junto aos próprios agricultores, soja e milho devem ocupar 350 mil hectares a mais nesta safra.

Esse quadro, que ainda não aparece nas estatísticas oficiais, tende a mudar as projeções da própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Aos poucos, as condições de produção estão melhorando na re­­gião, com mais estradas e ferrovias. Com os preços pouco animadores para o milho no Brasil, a soja amplia horizontes, a partir da Bahia, estado que concentra a maior parte das lavouras de grãos no Centro-Norte.

Avanço também em tecnologia A migração de produtores do Sul para o Centro-Norte do Brasil é mais antiga do que parece. Antoninho Tozi, 60 anos, chegou ao Maranhão 25 anos atrás. Da abertura de área à estruturação da fazenda, foram décadas de trabalho duro, relata. Nesta safra, ele comemora os resultados da agricultura de precisão. “Não sei se teria a mesma coragem para começar do zero”, afirma seu filho, Rudinei, 33 anos, na cabine de um trator que aplica dosagens diferentes de fertilizantes para cada quadro de lavoura, conforme indicações marcadas com a ajuda de satélites.

A família cultiva mil hectares de soja nesta safra e acredita ter atingido a estabilidade em termos de área. Por isso o investimento em tecnologia, equiparando-se às regiões mais produtivas do planeta. A meta é chegar a 3 toneladas de soja por hectare – 7% mais que no ciclo passado. Além da agricultura de precisão, os Tozi testam anualmente variedades de sementes convencionais e transgênicas. (JR)

No Tocantins, a ampliação ocorre principalmente em áreas de pastagens. Alexsandro Farias, de Porto Nacional, transformou 170 hectares de pasto em lavoura para elevar a área da soja a 900 hectares. Os primos Tiago e Vinícius Ruiz, de Tabocão, alcançaram 760 hectares de soja aproveitando 120 hectares de pasto. “Quem não amplia não tem futuro”, diz Tiago, 23 anos. Para cultivar um hectare de pasto é preciso investir R$ 550 em operações de máquinas e catação. A redução de cerca de 20% no custo da soja, que é de R$ 1,2 mil/ha, funciona como incentivo.

“Todo ano aumentamos um pouquinho”, afirma Altair Fianco, de Uruçuí, no Piauí. Pouquinho, para ele, são 200 hectares, que ampliaram a área de milho e soja deste ano para 1,7 mil hectares. Sua previsão é de 8,4 t/ha de cereal e 3 t/ha de oleaginosa, produtividades perseguidas em todas as regiões do país. “Talvez produza mais, mas prefiro ser realista.”

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